Prevenção da Gravidez na Adolescência

A taxa mundial de gravidez adolescente é estimada em 46 nascimentos para cada 1 mil meninas de 15 a 19 anos.
Os adolescentes – indivíduos com idades entre 10 e 20 anos incompletos – representam entre 20% e 30% da população mundial; estima-se que no Brasil essa proporção alcance 23%. Dentre os problemas de saúde nessa faixa etária, a gravidez tem grade prevalência em quase todos os países.

No Brasil, um em cada sete bebês é filho de mãe adolescente. A cada hora nascem 48 bebês, filhos de mães adolescentes. Um dado preocupante é o número de bebês com mães de até 14 anos que contabilizou 19.330 nascimentos no ano de 2019, o que significa que a cada 30 minutos, uma menina de 10 a 14 anos torna-se mãe!
Esses dados são significativos e requerem MEDIDAS URGENTES.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a gestação nesta fase é uma condição que eleva a chance de complicações para a mãe, para o feto e para o recém-nascido, além de agravar problemas socioeconômicos já existentes.

Além do aspecto social – a adolescente tem, por exemplo, sua vida escolar interrompida – e do aumento da situação de vulnerabilidade dessa jovem mãe e seu bebê, principalmente no caso de famílias com baixa renda, são muitos os riscos à saúde de mãe e filho.

São muitos os fatores que levam a esse elevado número. No entanto, a DESINFORMAÇÃO SOBRE SEXUALIDADE e direitos sexuais e reprodutivos é o PRINCIPAL MOTIVO. Questões emocionais, psicossociais e contextuais também contribuem, inclusive para a falta de acesso à proteção social e ao sistema de saúde, englobando o uso inadequado de contraceptivos.

Entendendo um pouco sobre como chegamos aqui:

Sabemos que até a primeira metade do século passado, o século XX, era bem comum as mulheres casarem-se muito cedo e começarem a vida como mães também cedo.
Atualmente algumas mulheres têm famílias mais estruturadas e melhor acesso ao ensino; outros têm mais dificuldade de ter estas condições. O Brasil é um país muito desigual, que não oferece condições equilibradas de acesso ao ensino e ao suporte social adequados a todos.

Com relação aos hábitos e à cultura, a gente pode dizer que nas famílias mais vulneráveis, ainda permanece o hábito de ter filhos muito cedo: não há um diálogo aberto sobre sexualidade, há inclusive uma evitação em se falar sobre esses assuntos: prevenção, vida sexual, consequências, etc.

Tudo isso também aparece muito nas cidades mais para o interior do Brasil, e nas cidades menores, onde as famílias são mais tradicionais e com menos acesso a informações e não têm o hábito nem a abertura do diálogo com os filhos e filhas adolescentes. E para os meninos, é mais comum que não assumam a responsabilidade de serem pais por diversos motivos enraizados na nossa cultura.

Principalmente dentro dessa faixa social, existe um desejo das meninas de "sair da casa da família", e engravidar seria uma maneira de isso acontecer. Mas na maioria dos casos, o que acontece é justamente o contrário: os pais dos bebês não assumem os filhos e as deixam, e elas precisam ficar nas casas dos seus pais, pois é a única alternativa que resta, já que não têm condições materiais e com frequência emocionais de arcar com a responsabilidade de cuidar de uma criança. Aqui a gente já tá falando de um dos impactos que uma gravidez na adolescência causa: a dependência prolongada dos pais dos adolescentes grávidos.

Outro aspecto é o desejo sexual bastante intenso dessa fase; a libido está a mil! Isso é saudável, é vida, faz parte do nosso desenvolvimento, nos motiva, é saúde! É possível dar vazão a esse desejo de diversas formas; mas também é possível usar de métodos anticoncepcionais pra que não haja consequências indesejadas!

Não podemos esquecer que trazer novos seres a esse mundo é um ato de muita grandiosidade e requer muita disposição e responsabilidade.

É preciso conversar com quem está ao seu lado sobre as suas expectativas e o que espera do momento, para não se frustrar ou se arrepender. Ter um bom diálogo com os pais ou com um profissional de saúde pode ajudar também a decidir o melhor momento e se preparar para começar a vida sexual de forma responsável e saudável.

 

Existem inúmeros fatores de risco para da gravidez na adolescência e suas repercussões pós parto. Existem riscos biológicos, psicossociais e obstétricos.

Citaremos alguns de cada grupo.
Fatores de risco biológicos:

– Menor 16 anos;
– Competição mãe-feto por nutrientes;
– Peso inferior a 45 kg;
– Infecções sexualmente transmitidas (Sífilis, HIV, hepatites B/C);

Fatores de risco psicossociais:

– Família: disfuncional, doença psiquiátrica, uso de drogas, violência;
– Rejeição à gestação;
– Tentativa de abortamento;
– Falta de apoio familiar: mãe, parceiro;
– Início tardio do pré-natal;
– Dificuldade de acesso a serviços de pré-natal.

Fatores de risco obstétricos:

– Menos de 6 consultas de pré-natal;
– Escassez de programas para gestante adolescente;
– Complicações durante o parto;
– Infecções durante e pós-parto.

Repercussões da gravidez na adolescência:
– Prematuridade;
– Pequeno para idade gestacional;
– Baixo peso (retardo intrauterino);
– Dismorfias, síndromes congênitas (Síndrome de Down, defeitos neurais);
– Necessidade de UTI neonatal;
– Dificuldades de amamentação;
– Risco de negligência, ambiente insalubre.

Para a mãe e bebê:

– Depressão e psicose puerperal;
– Abandono do RN em instituições;
– Rejeição do RN do convívio familiar;
– Ausência de amamentação;
– Acompanhamento pediátrico falho;
– Esquema de vacinação incompleto;
– Baixa qualificação profissional da mãe.

Os problemas e possíveis riscos são muitos! Muita educação ainda é necessária para conscientizar nossos jovens.

 

Como prevenir a gravidez na adolescência?

Como dissemos ao longo dessas semana, a EDUCAÇÃO, principalmente EM SAÚDE é o ponto chave para a mudança dessa situação.

É possível, após compreender a população que se quer alcançar, desenvolver os métodos pautados no diálogo claro e objetivo destinado às meninas, assim como para os meninos. A educação em saúde deve demonstrar a realidade, oferecer soluções claras e reais para uma vida segura e saudável, bem como ser fonte de informações seguras e corretas. Diante dos desafios que permeiam o contexto complexo da adolescência, é fundamental levar em consideração os aspectos geracionais atuais, tendo em vista que os adolescentes tendem a buscar mais informações na internet, onde podem obter conhecimentos desatualizados ou inapropriados.

O sexo desprotegido aumentou, em consequência da redução do medo do HIV, Hepatites virais e outras doenças sexualmente transmissíveis, pois hoje há tratamento para elas e não ocorre estigma de pessoas que vivem com essas infecções. Todas essas informações aumentam a possibilidade de uma gravidez precoce. Apesar disso, ainda existe o desafio aos adolescentes de compreenderem os riscos de uma gravidez nesse período da vida e também do início tardio do pré-natal.

 

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