Sobre dar “linha à pipa”: uma reflexão sobre a autonomia! – Texto Andréia Quintelia

REPOST Comunidade Bee Family

Sobre dar “linha à pipa”: uma reflexão sobre a autonomia!

Grande parte das mães que atendo verbaliza o desejo de que o filho seja independente, que aprenda a “se virar”. Na prática, lidar com o crescimento do filho e com o seu alçar de voos se mostra muito mais complexo e bastante controverso. Não raro, tenho observado uma cultura do medo e uma proteção excessiva: crianças presas em seus apartamentos, escolas, que não permitem que seus alunos possam correr e brincar livremente.

Nosso discurso se distancia muito da prática: anunciamos que queremos filhos capazes de gerir suas vidas quando adultos mas buscamos poupá-los das pequenas frustrações, não percebendo que, desta forma, também evitamos todo o aprendizado que os desafios trazem.

A maternidade é uma das experiências grandiosas que nos coloca diante das nossas contradições, de nossos próprios “monstros”, nossos medos e “nós” mais intensos.

Por isso, eu tenho compreendido cada vez mais que, olhar para nossas dores internas, compreender a maneira como exercitamos nossa própria autonomia e o modo como vamos construindo nosso espaço de convivência e as regras em casas com nossos pequenos será uma importante bússola para nos orientar nesse caminho do limite de forma amorosa. E tudo isso dentro da nossa “dose”, entre o proteger e o superproteger, entre o reprimir e o permitir experimentar o mundo.

É como aprender a “dar linha à pipa”: se as deixamos muito soltas ou não cuidarmos de suas linhas, podem desaparecer na imensidão azul…por outro lado, se não nos arriscarmos a dar-lhes linha, se tivermos medo de perdê-las, sequer vamos arriscar soltá-las; não vivenciaremos a festa intensa que podem fazer lá em cima!

Olhar para a nossa história, para os voos que nos foram permitidos ou negados na infância, para o incentivo ou a confiança que recebemos dos dá a oportunidade de nos conhecermos, de percebermos nossas próprias possibilidades. E assim podemos olhar também para o nosso modo de apoiar os “voos” de nossos filhos.

Texto: Andréia L. Rafael Quintelia – @andreiaquinteliacoach

 

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